Hoje andei passeando
por uns blogs queridos e percebi algumas semelhanças entre eles.
Percebi a busca por um novo paradigma, romper com o mundo
estabelecido no egoísmo e na falta de amor, respeito e tolerância.
Percebi a vontade de mudar de rumo, de expulgar as dores próprias da
vida, a vontade de quebrar tudo e se reconstruir.
Talvez este seja o
propósito de muitos de nós que escrevemos. O principal leitor de um
escritor é a tentativa de compreender a si mesmo a cada dia. O fato
é que a maioria de nós sucumbiria se não colocasse no papel seus
sentimentos, mesmo que sejam textos que nos desnudem e que ainda sim
nos ocultam. E, então, na incapacidade de melhor expressão,
explodimos nossas emoções em letras.
A medida que escrevo
fico pensando se o ato de escrever não me escraviza no que sou. A
catarse e a continuidade. A expressão e a volta à normalidade. O
querer e o de fato fazer.
É um passo difícil de
se tomar. A mudança. Não há certezas. Apenas o se lançar em outra
vida, outra possibilidade de vida.
Em um tempo que não
existe mais, os pequenos membros de uma tribo tupi-guarani faziam
assim sua iniciação: deveriam ir à montanha mais alta e esperar a
noite toda. Cada um na sua noite, sozinho, deveria vencer e dominar
seu medo do desconhecido.
Enquanto enfrentava seu
medo interior, cada menino ouvia um som que vinha das folhagens em
meio a floresta: “ecoeté, ecoeté.” Eram os homens da tribo,
escondidos, zelando para que tudo saísse bem.
Hoje vou escrever cem
vezes ecoeté. Até sonhar com a palavra, até que eu me convença de
que ancestrais zelam por minha escolha. Até fazer brilhar a
escuridão.
Ouçam! Estão ouvindo?
Ecoeté, ecoeté. Courage, courage. Coragem, coragem.