"Absinto" é uma bebida destilada feito da erva Artemisia absinthium. Anis, funcho e por vezes outras ervas compõem a bebida. Ela foi criada e utilizada primeiramente como remédio pelo Dr. Pierre Ordinaire, médico francês que vivia em Couvet na Suíça por volta de 1792.É também conhecido popularmente de fada verde em virtude de um suposto efeito alucinógeno. Absinto, o blog, é um espaço para delírios pessoais e coletivos. Absinte-se e boa leitura.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

As perguntas que eu mesmo me faço






(Adaptado com conto Muitas Luas de Jhames Thurber)

Uma pequena história de como encontramos respostas dentro de nós mesmas ou sobre a importância de ouvir o outro.

“E da sua simplicidade ela desejou a lua. E seu pai, o rei, mandou chamar o médico real, pois a menina adoentada não mais levantava de sua cama. Vieram o médico real, o camareiro real, o mágico real, o matemático real, e nenhum deles sabia como o rei poderia dar a lua para a princesinha. Desesperado, o rei chamou o bobo real. Que sem mais demoras foi ao quarto da criança e perguntou: Porque está tão triste, minha princesa? O que traria a alegria de volta aos seus olhos? E a princesa disse que se sentiria melhor se tivesse a lua.

- Apenas isso, princesa? Pois amanhã ao entardecer, quando a lua começar a apontar no céu e estiver ao alcance dos galhos mais altos daquela árvore, eu subirei até lá e te trarei a lua. A princesa ficou alegre com as suas palavras. Antes de sair, porém, o Bobo real perguntou:

- Princesa, de que é feita a lua?
- Ora seu bobinho. Todo mundo sabe que a lua é feita de ouro.

E o bobo real saiu bem depressa e foi à procura do ourives real e lhe pediu que fizesse uma esfera de ouro para a princesa. Ao terminar o trabalho, o bobo disse:

- Acabastes de fazer a lua, meu amigo!

- Ora, mas todos sabem que a lua fica a 800 mil km de distância  da Terra, é feita de bronze e se parece com uma bola de gude!

- Isso é o que você pensa, disse o bobo da corte que saiu com a lua entre as mãos.

Ao anoitecer, ele subiu no galho mais alto da árvore próxima à janela da princesa. E, em um movimento acrobático, se esticou para frente pegando a lua. Então ele entregou a pequena lua de ouro para a princesa, fechou as cortinas e esperou a menina adormecer.

No dia seguinte, a princesinha saiu alegre pelo jardim do reino totalmente recuperada. Mas o rei estava preocupado. Quando a noite caísse, a lua iria surgir e a menina iria perceber que a lua que tinha em suas mãos não era mesmo a lua.

Mais uma vez ele chamou os homens mais sábios do reino. Mas ninguém conseguiu encontrar uma solução.

Então, chamou o bobo real. Que disse:

- A princesa, meu rei, é a mais sábia de todos os seus súditos. Ela mesma nos dará a resposta. E antes que o rei pudesse fazer alguma coisa para impedi-lo, o bobo real entrou no quarto da princesa no mesmo instante em que a lua já surgia no firmamento. Com cara de triste, perguntou:

- Princesa, como pode a lua estar no céu se ela está também em suas mãos?
- Ora seu tolinho, é bem simples, respondeu a princesa. Quando eu perco um dente, não nasce outro em seu lugar? É a mesma coisa com a lua. Acho que é a mesma coisa com tudo.

A voz da menina foi tornando-se baixa até que ela adormeceu. O Bobo, antes de sair do quarto, foi até a janela e piscou para a lua, porque lhe pareceu que ela piscava para ele. “

5 comentários:

  1. Gostei demais! Quanta beleza e simplicidade na história!Parabéns!

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    1. Oi Maristela ! Obrigada, mas lembrando que fiz a adaptação. Este texto não é meu. Aliás, só por curiosidade, é o segundo que escrevo aqui que não é meu. O primeiro foi um conto adaptado também.

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  2. Oi, Malu!
    Gostei da adaptação desse lindo texto, principalmente em dias quando a lua está a brilhar lindamente nos céus do Brasil.
    A importância de ouvir o outro hoje em dia, não está sendo muito respeitada, mas ainda há pessoas que prezam por isso, eu mesma sou assim, ouço bastante as pessoas e gosto de falar também.
    um grande abraço carioca


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    1. Oi Beth! Eu também escuto muito o outro e percebo o quanto a recíproca não é verdadeira. Não que a gente escute esperando retorno, mas tem uma hora que cansa. A gente escuta tanto e ninguém por perto para te escutar. Acho que por isso gosto de escrever tanto sobre esse tema. Quem sabe desperta ! Obrigada pela leitura, amiga!

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  3. Moral da história :

    Não importa a pergunta. A melhor resposta é aquela que nós queremos ouvir.

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